O espaço Cartas do leitor da revista Veja, em vez de ser um espaço para participação e interação efetiva, concentrando ali a presumível pluralidade e também as divergências de opinião, ao contrário, é utilizado como um instrumento para legitimar opiniões dos articulistas e a linha política do editorial e, da própria publicação.
Depois de vários telefonemas, consegui falar com o Sr. Eduardo Tedesco, do Atendimento ao Leitor: Segundo ele, ninguém na redação teria recebido o e-mail que encaminhei com o título Indignação (um contraponto ao Duplo atentado de Maílson da Nóbrega). Contei-lhe que eu havia conversado com um outro atendente e, que sim, teria recebido o meu e-mail. Citei-lhe a data/hora do encaminhamento e que teria sido encaminhado aos cuidados de Eduardo, o tal, era ele mesmo. …  Encontrei tá aqui… Disse ele. Depois de ler, me disse com arrogância, que não havia comprovação de que o que eu estava dizendo era verdade. Que nunca tinha ouvido falar nisso de Vara exclusiva, Negociação.(ver postagem neste blog feita em 26 de Março – )

Expliquei-lhe que em Santa Catarina, o Tribunal de Justiça criou a Vara especial de Justiça Agrária, para atuação exclusiva em questões agrárias e que, nesta Vara Especial, fora criado por mim, o Núcleo de Gerenciamento de Conflitos Agrários. Falei da minha atuação como Comandante de Companhia, no interior, das dificuldades de efetivo que é sempre insuficiente, da logística etc.. Que as várias ações de Reintegração em que fora empregado a força, todas resultaram muitos feridos, até morte. Falei do insucesso, dos feridos, dos prejuízos e também, da repercussão negativa para todos envolvidos, incluindo o Judiciário. Alem disso, que a execução forçada de reintegração, exige muito tempo, para treinar e disciplinar a tropa para as diferentes táticas a serem adotadas, sem as quais, a Operação vira massacre.
Disse-lhe que em Santa Catarina utilizando os métodos da Negociação, os Mandados de Reintegração foram cumpridos mansa e pacificamente, sem sofrimentos. Assim foi, por vinte e sete vezes, de Outubro de 2006 até meados Abril de 2007. (Em 09 de Abril assumi o Comando do 8.Batalhão – Joinville).
Quando achei que tinha entendido a minha explicação, ele me disse: … Esse bando de baderneiros que usam a bandeira nacional pra cometer crimes… .

Fui surpreendido. E também, entendi a linha ideológica. Para ele não interessa quem, nem quantos possam morrer em confrontos. Para ele, o Estado deve agir com força total contra eles.

Ciente de que meu objetivo valia mais um pouco de esforço, calmamente, expliquei-lhe que conflitos agrários não ocorrem apenas com MST. Às vezes são vizinhos que se envolvem por questões de demarcação de divisas. Que tem invasões que o proprietário incentiva, ou tolera, porque vislumbra um ganho maior e mais fácil do que se tentasse vender a terra.

Finalizei deixando claro que o objetivo da proposta, ao contrariar o belicoso Sr. Maílson, é evitar conflitos armados, chacinas e massacres.

Suspirou e me disse: O Senhor Maílson é contratado da revista, e é ex-ministro; tem credibilidade, ele expressa a opinião dele e da Editora. A sua carta não será publicada. Encaminhe suas observações sobre a sua experiência em negociação… Não lhe garanto, mas poderá virar matéria... .

Senti meus dois stents vibrarem nas artérias. De repente voltei às origens, no estilo velho oeste, esqueci as técnicas de negociação e de novo, calma, porém solenemente, mandei-o pra PQP… .

Agora, remoendo, fico repensando o significado de Democracia, de Imprensa livre, Liberdade de consciência que muitas vezes defendi. Mudou muito tudo isso ou eu nunca soube o que era de fato.
O que significa isso tudo…? Ah, já sei: não foi o Sr. Maílson da Nóbrega, o ex-ministro que escreveu. Alguém escreveu – e mal – por ele.

Isso já é um consolo, assim, ele não é o que eu pensei que fosse. SOU EU.

  1. >Caro Marcelo Pereira
    Concordo com você, porém, pensei que o interesse "de todos" pudesse se sobrepor à essa imundície toda. Idealizei, por acreditar nos valores. Vejo que a maioria é "gado marcado" (Zé Ramalho).
    Um abraço

  2. >Comandante, enquanto a VEJA estiver contra o PT e seus aloprados, eu a apoio.
    Quanto a imprensa, o que vale é o patrocínio. Vai na RBS e tenta fazer uma matéria contra um patrocinador deles… nunca vão aceitar. Ou melhor, veja se eles fazem alguma crítica ao prefeito Carlito… nunca vão fazer, tamanha a verba publicitária que recebem.
    Eu não boto fé na imprensa desse país há muito tempo… infelizmente!

    Forte abraço e parabéns por tudo que tem feito por nossa cidade!!!

    Marcelo Pereira

  3. >Comandante, fiquei impressionado com sua postagem. Como já disseram no post acima, é uma pena que o senhor tenha descoberto as reais inteções da VEJA do jeito mais difícil.

    Grande abraço.

    Cleiton Bernardes

  4. >Ainda bem que o nobre blogueiro descobriu, mesmo que por uma via dolorida, as reais intenções desse veículo de desinformação chamado Veja. Para saber mais sobre o grupo Abril, acesse o blog do Luis Nassif, sobre o tópico "dossiê Veja".

    Saudações chefe!

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado.