Dia 28 de Junho de 2014 (anteontem) um Jornal de uma grande rede, com circulação regional publicou que o programa da Polícia Militar reacende discussões sobre a competência das Polícias, embora reconheça seus benefícios. O debate pretendido é a discussão da “legalidade” do serviço prestado, pelo Pós-Crime. A criminalidade e a violência crescem encorajadas pela impunidade e, as vítimas desamparadas em seus choros inúteis, recolhem-se, a clamar por justiça. A sociedade em suas manifestações demonstradas nas pesquisas de Governos, EXIGEM SEGURANÇA, cabe ao Estado atender.
Se um ladrão entrar na casa de alguém, a vítima, presumidamente DESARMADA terá, depois que o ladrão se for, de ser atendida só por UMA POLÍCIA ESPECÍFICA? Ninguém mais pode tentar identificar os ladrões por meio de descrições e sair imediatamente em sua perseguição, até pegá-lo? É como se o cidadão só pudesse ser salvo em caso de afogamento na praia, pelo salva-vidas. Como se o incêndio só pudesse ser apagado pelos Bombeiros e, se vítimas de acidentes de carro só pudessem ser socorridas por médicos do SAMU.
Ao atender a ocorrência logo após o crime, com informações que identifiquem o ladrão, a guarnição PM do Pós-Crime inicia as buscas, só parando quando detiverem o ladrão e o entregarem na DP, juntamente com a vítima.
Não há investigação, não há perícia e a ÚNICA POLÍCIA que dá resposta em caso de roubo ao pedido de socorro é a PM.
A Planilha acima representa a eficiência do Serviço Pós-Crime para a diminuição dos crimes de roubo. O serviço Foi criado por mim em Julho de 2007 exclusivamente para a área do Batalhão que eu comandava, na cidade de Joinville, exclusivamente para combater o crime de roubo, identificando e expondo os ladrões.
Em pouco mais de seis meses, no início de 2008, as ocorrências (roubo em residência) foram reduzidas em média, a duas por mês.
O roubo em Estabelecimentos Comerciais em 2005 chegou a 800 por ano. A média mensal era de 46 roubos/mês.
Atualmente a média anual é em torno de 280 e a média mensal, 22 por mês.
Os resultados demonstram o ano de 2010 com menor índice em dez anos. Um recorde estabelecido. A cidade foi considerada mais segura comparativamente com outras médias e pequenas do Estado. Comandei o Oitavo por quatro anos. Houve nesse período redução de efetivo de 617 para 354 Policiais Militares e, mesmo assim, a redução foi de 62,2% nos roubos a estabelecimentos comerciais e de 72,5% a residências.
No país onde a criminalidade e a violência se alastram ceifando vidas de pessoas, de famílias, consternando comunidades inteiras; onde a sensação de insegurança aumenta ainda mais pela impunidade; onde o povo não pode armar-se para a sua defesa; onde os bandidos tem serviços de plantão em órgãos governamentais, entidades e associações; o que esperar? o que dizer?
O que esperar de um país onde o crime compensa?
Agora DIDÁTICA e TECNICAMENTE vou discorrer sobre o crime
CRIME DE ROUBO:
A PRAXE: A vítima de roubo liga para o telefone “emergência 190” da PM e o atendente colhe todas as informações, ao final informa que uma viatura da PM (se houver disponível) o visitará em breve e, recomenda que faça o “B.O.” na DP mais próxima.
SE houver viatura disponível, a guarnição procurará informações e características dos ladrões e repassará às guarnições em serviço. Não há buscas, nem tem como faze-las, são inúmeras as chamadas e atendimentos urgentes a serem atendidos.
Para a PM no dia seguinte a rotina policial é recomeçada DO ZERO. Um novo dia, novos crimes e novas vítimas.
Para a vítima, no dia seguinte, restará ir até a DP mais próxima e relatar o seu drama. Na DP lotada de pessoas, detidos em flagrantes, seus advogados, suas vítimas, e, a um ou outro funcionário, fará o relato. Não haverá nomes, às vezes, alguma descrição precária que acentuará apenas as violências e ameaças que sofreu e, provavelmente nenhuma investigação. Meses, anos depois será apenas uma triste lembrança. Existem várias DPs especializadas e exclusivas para mulheres, idosos, menores e, não há Delegacia específica para a vítima de crime de roubo.
O crime de roubo é o mais cruel, tem três violências incrustadas em seu bojo. A violência FÍSICA ocorre sempre com a agressão e ameaças. A perda dos bens MATERIAIS, muitas vezes indispensáveis para o exercício da profissão, do trabalho ou lembranças raras de família. E, o TRAUMA PSICOLÓGICO. Esta última, marca para o resto da vida suas vítimas que, impotentes, subjugadas temeram por suas vidas e dos seus, correram riscos e, para piorar, sabem que, possivelmente, o criminoso ficará impune pelo crime cometido.
Pior ainda são os crimes cometidos por “menores”, fortes, cheios de vitalidade e drogas, são agressivos e cruéis em sua maioria. O conhecimento e a certeza da IMPUNIDADE, dá a eles a oportunidade de fazer algumas travessuras que lhes renderão notoriedade entre os seus amigos e colegas. Roubar, é apenas um passatempo cruelmente divertido que lhes aumenta o efeito da droga (crack) e pode render algumas pedras a mais.
Com toda a complexidade que envolve o crime de roubo, ainda assim é um crime que o Estado não dá respostas adequadas. Muitas vítimas sequer têm o seu clamor atendido para o simples registro da Ocorrência.
Em 7 de Abril de 2007 assumi o Comando do 8º Batalhão de Joinville – vindo de Chapecó, onde estive por seis meses, no Fórum atuando na Vara de Justiça Agrária, para criar o NÚCLEO DE GERENCIAMENTO DE CONFLITOS AGRÁRIOS. – O Batalhão estava sem Comandante a quase dois anos. Havia recursos porém eram mal empregados. As viaturas estavam sucateadas por falta de manutenção, o efetivo estava desmotivado e, em especial a região que compunha a jurisdição do Batalhão, não havia informação nem Planos de ações.
Iniciei com um diagnóstico junto às entidades de serviços e de representação – Clube dos Diretores Lojistas, Lions, Rotary, Conselhos Comunitários, Assoc. de moradores, Assoc. da Indústria e Comércio e imprensa. – O levantamento inicial demonstrou que o crime de roubo era o mais frequente e que ocorria quase setenta vezes, por mês. O crime de roubo em residência e em estabelecimentos comerciais gerava muita inquietação e era a maior preocupação de todos. Estabeleci então que a prioridade do meu Comando seria o combate ao crime de roubo. Foram feitos levantamentos, analisadas todas as variantes que envolvem esse tipo de crime, estabelecendo critérios e, finalmente, com a criação de um banco de dados com fotos, identificando todos os ladrões que atuavam na nossa área. O resultado desse estudo e planejamento culminou com a criação de um atendimento às vítimas e resposta ao crime de roubo.
Por concepção pessoal, para dar uma pronta resposta às vítimas e para consolidar o processo de planejamento, padronizando e disponibilizando em tempo hábil as informações a respeito dos crimes havidos, e ainda, com o fito de orientar constantemente a aplicação do policiamento, criei, em 03 de Julho de 2007 para a área do 8º. Batalhão de Joinville, o que foi denominado de Serviço Pós-Crime.
O PÓS-CRIME INICIOU EM JOINVILLE NO 8ºBPM NO ANO DE 2007. É UM PROGRAMA DE TRABALHO POLICIAL MILITAR QUE BUSCA ESTREITAR O RELACIONAMENTO COM A COMUNIDADE, SOBRETUDO NO ATENDIMENTO ÀS VÍTIMAS DE OCORRÊNCIAS CRIMINAIS DE ROUBO A RESIDÊNCIA E ESTABELECIMENTO COMERCIAL.
PARA QUE SERVE: IDENTIFICAR OS AGENTES DOS CRIMES DE ROUBO À RESIDÊNCIA E ESTABELECIMENTO COMERCIAL, CONTRIBUINDO COM INFORMAÇÕES PARA QUE AS EQUIPES DE RÁDIO PATRULHA POSSAM EFETUAR A PRISÃO DESSES.
QUEM EXECUTA: DOIS PMs FARDADOS E EQUIPADOS
MEIOS PARA EXECUÇÃO: UMA VIATURA CARACTERIZADA; 02 COMPUTADORES; 02 MÁQUINAS FOTOGRÁFICAS DIGITAIS
METODOLOGIA: OCORRÊNCIA DO CRIME DE ROUBO
1 – CONTATO COM A VÍTIMA
2 – BUSCAS POR SUSPEITOS
3 – AÇÕES OPERACIONAIS
AO DEIXAR O COMANDO E A CIDADE DE JOINVILLE RECEBI OS AGRADECIMENTOS, EM RECONHECIMENTO AOS RESULTADOS DEMONSTRADOS NA PLANILHA, LÁ EM CIMA.
Agradecimentos pela Homenagem feita pelo CDL de Joinville
Homenagem do Clube Diretores Lojistas de Joinville – CDL
Pós-Crime do 8º BPM e o recorde com o menor índice de roubos em dez anos. 18/01/2011
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